24.8.05

fúria mansa

Olho-te. Não vejo nada, mas persisto. Falar. Gritar.
Deitada na relva ensopada em chuva e lama.
Misturar-me nela e ir por aí.
Olhos de vidro. Olhos fluidos! O teu corpo...
Não quero que vás.
Eu gostava de ficar assim, a dormir ao teu lado.
Teu lado? Uma pedra que cai do armário, um
tiro disparado da gaveta da cómoda. Deixem-me.
Não suporto mais isto.

Este amor, esta fúria mansa nos dedos que tocaram
os teus pulsos, ainda ontem.