22.4.14

tudo cá dentro

Olha, quero ir. Quero tudo. Sinto-me escorregar
pela borda da cama, cair até ao fundo do mar,
afogar-me na espuma sádica da lembrança
de uma quinta feira queimada num cigarro
e num copo de Porto. E num corpo de mármore
tremendo no frio, gemendo no calor. Morto, enfim.
Não, não penses que me esqueci. Nadavas. Mentira,
era eu que nadava. Por entre as algas e a nafta
e os peixes mortos boiando na espuma amarela
daquele mar civilizado.

Sem mais nada para escrever, tudo cá dentro.




15.4.14

mar


Sopro morno de uma tarde de areia
no girassol de fogo dentro das coisas


Um beijo de pássaro para entreter o romance
das horas

Súbito
um arrepio no corpo e na vida

o suspiro cálido de um mar triste